Rede Rural Nacional — Rede Rural Nacional

17 novembro 2025

• Mostra de Ciência assinala Dia Mundial do Solo em Cantanhede
• 𝗪𝗘𝗕𝗜𝗡𝗔𝗥: 𝗚𝗲𝗻𝗲𝗿𝗮𝘁𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹 𝗥𝗲𝗻𝗲𝘄𝗮𝗹 𝗶𝗻 𝗘𝘂𝗿𝗼𝗽𝗲𝗮𝗻 𝗙𝗮𝗿𝗺𝗶𝗻𝗴
• Sessão final do projeto SNM_XylellaVt decorre a 27 de novembro
• Estação de Avisos de Entre Douro e Minho divulga Circular n.º 15/2025
• Festival do Azeite Novo regressa a Lisboa a 11 de dezembro

Feed da Rede de Agricultura Sustentável

17 novembro 2025

• Cogumelos a serviço da agroecologia
• Embrapa diz que blockchain é uma das bases para o futuro da agricultura brasileira
• Indústria da carne avança em sustentabilidade
• Os dinamarqueses voltam a ser campeões mundiais em consumo orgânico
• Plantas ´conversam` com micróbios benéficos para afastar patógenos

AGROTEC - Revista Técnico-Científica Agrícola

Agricultura de Precisão, Cerealicultura, Fruticultura, Pequenos Frutos, Horticultura, Zootecnia, Cuidados Veterinários, Pecuária, Apicultura, Floricultura, Máquinas Agrícolas, Viticultura, Ciência & Investigação, Tecnologia, Produção, Culturas

• Politécnico de Viana do Castelo lidera projeto nacional que preserva as maçãs do Minho e a memória do território

  Há mais de uma década que Raul Rodrigues percorre pomares, campos e vales em busca de variedades antigas de macieiras. São árvores com nome, história e sabor, heranças vivas da agricultura minhota. Agora, o docente da Escola Superior Agrária do Politécnico de Viana do Castelo vai coordenar um projeto nacional que coloca o IPVC na linha da frente das variedades regionais de macieiras.

  O “Programa de Conservação e Melhoramento Genético Vegetal de Macieiras” marca um novo ciclo na investigação agroalimentar portuguesa. Coordenado por Raul Rodrigues, docente e investigador da Escola Superior Agrária do Politécnico de Viana do Castelo (ESA-IPVC), o projeto junta a Comissão de Coordenação da Região Centro (CCDR-C) e o Banco Português de Germoplasma Vegetal do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (BPGV/INIAV), com um objetivo muito claro: preservar e valorizar as variedades regionais de macieiras através da caracterização de 100 variedades de maçãs.

  “Cada variedade conta uma história: a de quem a plantou, a de quem a cuidou e a de quem ainda hoje se emociona ao reconhecê-la num pomar antigo”, descreve Raul Rodrigues. “Preservar as macieiras da região do Minho é preservar o nosso património agrícola e cultural. Estas árvores são memórias com raízes que contam histórias e nos tornam únicos. Este projeto é altamente prestigiante para mim, enquanto investigador, mas também para a nossa instituição, cujo trabalho irá integrar uma rede mundial de recursos genéticos, a Grin-global.” 

  Única instituição de ensino superior com coleção viva de macieiras

  Com décadas de ligação e experiência no setor, Raul Rodrigues explica que a ESA-IPVC é a única instituição de ensino superior em Portugal com uma coleção viva de variedades de macieiras, atualmente composta por 106 variedades identificadas e preservadas nos terrenos da Escola. “Este acervo genético representa anos de investigação e dedicação à fruticultura nacional.”

  Com um investimento de 100 mil euros e uma duração de três anos, o “Programa de Conservação e Melhoramento Genético Vegetal de Macieiras” agora aprovado tem como objetivo caracterizar e registar 100 variedades, analisando dezenas de parâmetros, que irão constar de um relatório a integrar no sistema internacional GRIN-Global, a mais importante rede mundial de conservação de recursos genéticos vegetais. Inclui ainda a recolha de novas amostras em campo, a análise agronómica e biomolecular de 150 acessos e a conservação das coleções já existentes.

  “Este projeto dá-nos os meios para aprofundar o que começámos há muitos anos. É um trabalho exaustivo, mas também apaixonante. Não se trata apenas de estudar maçãs, trata-se de compreender o território e a sua identidade através das árvores que o moldaram”, afirma Raul Rodrigues, que desenvolve esta linha de investigação há mais de uma década no seio do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas Agroalimentares e Sustentabilidade (CISAS-IPVC).

  O docente remata salientando a importância do trabalho que está a ser desenvolvido afirmando que “as variedades tradicionais de macieiras, muitas vezes esquecidas, possuem características únicas de adaptação, sabor e resistência que podem ser fundamentais para o futuro da fruticultura.”

  Com este projeto, o Politécnico de Viana do Castelo reforça o seu papel na investigação agroalimentar de excelência e na defesa da biodiversidade agrícola portuguesa, transformando o conhecimento científico em ação concreta para a preservação do território.

• A Robótica ao serviço da Floresta em discussão em Abrantes

  A EPDRA – Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes, em Mouriscas (Abrantes), acolhe a 4ª Feira Tecnológica Florestal no próximo dia 28 de novembro. Subordinada ao tema “A Robótica ao serviço da Floresta”, este certame pretende divulgar, inspirar e aproximar a sociedade em geral do setor florestal, através de apresentações, exposição e demonstrações tecnológicas.

  A FNAPF – Federação Nacional das Associações de Proprietários Florestais, em conjunto com a SBTMAD – Secretariado dos Baldios de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Fórum Florestal – Estrutura Federativa da Floresta Portuguesa e a BALADI – Federação Nacional dos Baldios, está a organizar um evento, de um dia, com intuito de difundir, capacitar e sensibilizar para os conceitos da Floresta 4.0, com avanços tecnológicos e processos de digitalização, que têm vindo a transformar o modo como conhecemos a floresta e a forma como fazemos as operações florestais.

  A 4ª Feira Tecnológica Florestal, inserida no projeto TECNOFOREST 4.0, financiado através do Fundo Ambiental e cofinanciado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) da União Europeia, vai reunir na região Centro entidades, atuantes no setor, que irão partilhar conhecimento, demonstração e colaboração entre empresas, investigadores e técnicos, de modo a evidenciar o papel crucial da robótica e da inovação tecnológica na gestão florestal.

  Os trabalhos começam às 9h30 com a sessão de boas-vindas. O primeiro painel terá como enfoque as “Novas Tecnologias do Mercado Florestal” e será centrado no processamento de dados LiDAR (Light Detection and Ranging), da Direção-Geral do Território.  A empresa Bornio – Forest Intelligence pretende mostrar a sua experiência com o sistema de informações tridimensionais coletadas usando esta tecnologia, partilhando a metodologia e os resultados obtidos na identificação de copas, na determinação do posicionamento geográfico e no cálculo das alturas totais do arvoredo. Sobre a combinação entre a tecnologia, que envia pulsos de laser para medir a distância de objetos e criar modelos precisos do ambiente, com a cartografia aérea e o uso de drones na obtenção de dados em florestas e povoamentos florestais será a intervenção da TerraGes. Pastoreio de precisão, através do uso de bovinos e vedação virtual na redução do combustível florestal será a intervenção da Quinta do Tabalião, representante da Digitanimal em Potugal.

  Já o segundo painel será sobre “Projetos de Inovação” com o programa RI Forestry a debruçar-se sobre os dados de satélite na monotorização florestal e a sua importância na previsão do perigo de incêndio. A associação Biond promete dar a conhecer projetos, soluções ou experiências relacionadas com a digitalização e automação na fileira florestal.

  Da parte da tarde, decorrerá a exposição e demonstração de algumas das tecnologias aplicadas à floresta com simuladores, Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS) profissional, LiDAR e instrumentos para dendrometria e inventário florestal, entre outros com o intuito de evidenciar o papel crucial da robótica e da inovação tecnológica na gestão florestal.

  Este evento conta com o apoio da Associação dos Agricultores dos Concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação, da EPDRA e da TAGUS – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior, no âmbito do objetivo estratégico “Promover o desenvolvimento económico do território assente na digitalização, inovação e qualificação” da sua Estratégia de Desenvolvimento Local TAGUS 2027.
• Investigadores desenvolvem plataforma que pretende prevenir e detetar antecipadamente incêndios florestais

  Uma equipa de investigadores do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a desenvolver, no âmbito de um projeto europeu, uma plataforma que pretende apoiar na prevenção e deteção precoce de incêndios.

  O projeto “SenForFire - Cost-Effective Wireless Sensor Networks for Forest Fire Prevention and Early Detection”, financiado pelo Programa Interreg Sudoe da União Europeia e que envolve Andorra, Espanha, França e Portugal, tem vindo a trabalhar no desenvolvimento e demonstração de redes de sensores sem fios, de baixo custo, para medir parâmetros meteorológicos e ambientais relevantes para a avaliação de risco de incêndios florestais em municípios e comunidades locais em áreas de alto risco de incêndio.

  «A nossa contribuição para este projeto passa pela análise inteligente dos dados, que são georreferenciados e multimodais, ou seja, de vários tipos de sensores e vários tipos de fontes, de modo a criar suporte a decisões que venham a ser tomadas, quer por bombeiros, quer por uma Câmara Municipal, antes ou durante o combate a um incêndio», explica Catarina Silva, professora do DEI, investigadora do Centro de Informática e Sistemas da UC (CISUC) e coordenadora do projeto. 

  Em Portugal, o caso de estudo está localizado no Fundão, onde estão instalados os sensores desenvolvidos no âmbito do projeto. Os dados recolhidos (temperatura, humidade, gases, etc.) estão integrados num sistema The Things Stack, armazenados numa base de dados temporal e analisados por modelos inteligentes que identificam precursores de incêndios, permitindo alertas antecipados de risco de incêndio. 

  «Para além dos dados ambientais, o sistema incorpora informação geoespacial e topológica (satélites, relevo, declives, ocupação e uso do solo, histórico de incêndios), aumentando, assim, a precisão da avaliação de risco», destaca Cidália Fonte, docente do Departamento de Matemática da FCTUC e investigadora do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores de Coimbra (INESC Coimbra). 

  Com parceiros em Andorra, Espanha, França e Portugal, incluindo municípios, universidades e empresas, este projeto visa não só a investigação, mas também a industrialização da tecnologia para apoio direto a autoridades locais.  O principal objetivo é oferecer uma maior capacidade aos municípios e bombeiros para prevenir incêndios florestais, através de dados e previsões robustas, acessíveis e atualizadas.

  «Os resultados preliminares mostram que os modelos conseguem prever o risco de incêndio. Esperamos, futuramente, fornecer ferramentas proativas de prevenção e gestão de meios, com maior detalhe e resolução espacial», conclui a equipa de investigadores. 

  A equipa de investigadores da FCTUC inclui Alberto Cardoso, Bernardete Ribeiro, Catarina Silva, Cidália Fonte, Filipe Araújo e Jacinto Estima.